sexta-feira, 8 de abril de 2016

VER, OLHAR E SUAS IMPLICAÇÕES




Ver...
Olhar...
É a mesma coisa? 
Certamente não.
Ver é o relato do que se observa. É explícito, descreve o que vê, sem envolver sentimentos ou o que se pode realizar a partir do objeto ou situação observada. É imediato e desatento. Não envolve crítica e análise. Sugere a refração da subjetividade dos fatos do objeto observado. Evoca a espontaneidade do senso comum.
Olhar traz o refinamento, usa critérios, transcende a visão analítica das circunstâncias, é lento e remete a reflexão. A visão analítica usa meramente a lógica inicial da observação. O olhar vai além, interpreta a luz de uma concepção teórica, busca o entendimento sobre posições, estabelece relações.
Foi o que aconteceu com Jarbas Agnelli.
Lendo um jornal de manhã, deparou-se com uma foto de pássaros pousados em fios de luz (foto acima). Seu olhar atento deu novo sentido à posição das aves. Transformou-as em uma partitura. Os animais pousados tornaram-se em notas musicais que resultou em uma linda composição.
Tudo é uma questão de registro mental.
De um fato considerado corriqueiro, visto por milhares de pessoas em uma reportagem no jornal, seu olhar estabeleceu relações dos elementos apreciados e resignificou a ilustração do periódico, dando outra conotação e uma surpreendente interpretação artística.
Jarbas Agnelli, ao criar Birdson the wires (Pássaros nos fios), exemplifica a diferença entre o ato de olhar e ver.
Este estudo, instantaneamente me remeteu à sala de aula. Trabalho com o 5° ano, e frequentemente digo a turma que eu falo e eles não me ouvem, pois ao findar a explicação alguns me perguntam como se eu não tivesse dito nada anteriormente. A associação do ouvir e escutar se assemelha ao ver e olhar. São situações distintas, mas que se assemelham em seus conceitos e significações.
Aprofundando minhas leituras deparei-me com o conceito estabelecido por Márcia Tiburi (filósofa e artista plástica), que refere -se ao olhar como "colocar-se no lugar do outro", em uma outra posição que exige refinamento, interesse e uma dose de sensibilidade. É um debruçar-se em análise paulatinamente.
Enfim, são dois movimentos do mesmo gesto, mas que diferem, se contrapõe quando conceituados e analisados. 

3 comentários:

  1. Isabel,

    Parabéns pela tua postagem e pelo teu blog. É possível perceber que tens te dedicado a tarefa de pensar e qualificar as postagens. Continuas assim, nesse exercício de escrita que é tarefa constante.
    []'s
    Tutora Jacque

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  2. Linda reflexão... precisamos ensinar a olhar e a ver e, mais do que isso, a pensar sobre.
    Amei teus textos.Escolhestes bem.Tem muita sensibilidade e muitas provocações filosóficas.
    Vou te acompanhar nesta jornada...
    Beijocas

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  3. Linda reflexão... precisamos ensinar a olhar e a ver e, mais do que isso, a pensar sobre.
    Amei teus textos.Escolhestes bem.Tem muita sensibilidade e muitas provocações filosóficas.
    Vou te acompanhar nesta jornada...
    Beijocas

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