quarta-feira, 31 de julho de 2019

O QUE É ARTE?

É uma das melhores maneiras do ser humano expressar seus sentimentos e emoções. Ela pode estar representada de diversas maneiras, através da pintura, escultura, cinema, teatro, dança, música, arquitetura, dentre outras manifestações.
A Arte reflete a cultura, o momento que o artista está ou o ambiente que o circunda, considerando os valores estéticos, da beleza, do equilíbrio, da harmonia e até o estado emocional do artista.

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"Temos a Arte para não morrer de verdade." Friedrich Nietzsche







Arte é uma manifestação humana comunicativa muito antiga e tem uma importante função social, na medida que expõe características históricas e culturais de determinada sociedade, tornando - se um reflexo da essência humana.
 Ela existe em todas as culturas e sua definição foi e continua sendo discutida incansavelmente.


terça-feira, 30 de julho de 2019

DO CONTO À VIDA REAL

Nosso país tem a versão masculina da   Sherazade que também mudou a trajetótia de um infortúnio para um final feliz. 
O filme O Contador de Histórias conta uma história que se passa em Minas Gerais, nos anos 70, de uma criança nascida em uma favela da capital mineira, Belo Horizonte. Roberto Carlos Ramos, o filho caçula de dez irmãos, com a idade de seis anos foi levado pela mãe ( que era pobre, analfabete que criava os filhos sozinha) para ser internado em uma instituição oficial, entidade assistencial recém-criada pelo governo que, de acordo com a propaganda nos meios de comunicação, preparava crianças para serem verdadeiros profissionais, isto é, quando crescessem se tornariam excelentes médicos, advogados, engenheiros. Após a internação, a realidade se despontou muito distante para a criança que, até então, era criada em uma família e dotada de fértil imaginação. A despeito das dificuldades em ser alfabetizado, o menino, logo aprendeu as leis da sobrevivência naquele recinto: problema de aprendizado era tributado com mais um biscoito, falar palavrão impunha moral, fingir doença, um bocado extra de comida. Para driblar a adversidade, o pequeno usava seu melhor instrumento que era a inexplicável capacidade de criar situações e imagens para transformar a realidade. Cumprido regra da instituição, ao completar sete anos de idade, o menino teve que mudar de pavilhão, onde as leis eram ainda mais duras e incluíam violência psicológica, castigos corporais e uma total ausência de esperança ou possibilidade de mudança. Aos 13 anos de idade e ainda analfabeto, por não suportar o novo tratamento, logo, através das fugas, o menino Roberto e alguns internos descobriram o caminho das ruas, das drogas e dos pequenos delitos. Em busca de segurança, Roberto tentou associar-se a um grupo violento. Depois de mais de cem tentativas de fuga, separado da família, Roberto carrega o estigma de incorrigível pelos educadores. Foi quando a pedagoga francesa Margherit Duvas que desenvolvia estudos sobre infância e educação e veio ao Brasil para esse fim, visitou aquela instituição e acabou se interessando pelo caso de Roberto. A conquista estreou com duas expressões proferidas pela professora que jamais havida sido dirigidas ao menino: “Com licença” e “por favor”. A pedagoga Margherit Duvas considerou que o caso representava um desafio e determinada a fazer do menino o objeto de seu estudo, tentou se aproximar dele. O garoto em princípio relutou, mas, depois de uma experiência traumática (quando tentou associar-se a um grupo em busca de proteção foi abusado, sexualmente violentado), procurou abrigo na casa da pedagoga francesa. Aí se iniciou uma emocionante e bem-sucedida história de afeto e dedicação que renderam – e continua rendendo até hoje – frutos: Roberto Carlos Ramos, formado em pedagogia é considerado um dos melhores contadores de história do mundo. Exemplo de história de como o afeto pode transformar a realidade de alguém. Ora, depois de formado, Roberto Carlos Ramos, voltou à instituição em que cresceu – mas como professor. E já adotou mais de 20 meninos de rua, muitos, de início, tido como irrecuperáveis, como ele foi tido também. Percebemos, há muito, que o filme, O Contador de Histórias, de Luiz Villaça, é baseado na vida do mineiro Roberto Carlos Ramos, na época, um garoto esperto e cheio de vida que, aos seis anos, por conta de problemas familiares, é enviado por sua mãe para uma recém-inaugurada instituição para crianças – a Febem. Na década de 70. A promessa de um lar e bem-estar foi logo substituída pela disciplina militar do período e os únicos momentos de alegria eram resumidos nas visitas semanais de sua mãe.
Percebe-se a importância do convívio familiar no processo de desenvolvimento do individuo através do filme O Contador de Histórias. É por meio desse ambiente que o individuo vai sendo dirigido em sua concepção sobre conceitos e valores. Para Vygotsky as primeiras afinidades com a linguagem na interação com os outros acontece dentro do seio familiar. Claro, é através de uma influência mútua social que vamos sendo instruídos e nos desenvolvemos até nos tornarmos sujeitos. A cultura, a sociedade, as práticas e as interações, enfim, o meio é fator de máxima importância no nosso desenvolvimento, enquanto humano.
Entretanto, o filme O Contador de Histórias, de Luiz Villaça, retrata uma Febem desfavorável à maneira positiva ao seu desenvolvimento! Ora, de maneira alguma seria correto considerar um adolescente de apenas 13 anos de idade irrecuperável, uma vez que o menino Roberto foi meramente um reprodutor do contexto em que estava inserido, e de acordo com Vygotsky o desenvolvimento e a aprendizagem são fatores decorrentes da interação do indivíduo com o meio onde ele influência e é influenciado, e sendo assim, se o ambiente sofre qualquer alteração, consequentemente, o desenvolvimento do indivíduo também será alterado. Assim, as experiências que a pedagoga francesa Margherit Duvas propiciou a Roberto Carlos Ramos favoreceram na mudança de seu comportamento, no desenvolvimento psicossocial e na aprendizagem.
Sabe-se que o que arquitetamos na infância na tangente da personalidade não é inteiramente estável, isto implica que, à medida que o tempo passa e o indivíduo adquire novos conhecimentos, aqueles anteriores podem ir sofrendo mudanças parcialmente. Por isso que jamais seria apropriado garantir que Roberto Carlos Ramos fosse um caso perdido, haja vista que a personalidade é dinâmica e a aprendizagem é um processo de construção. É possível ainda, constatar que na instituição em que ele se encontrava não havia laços afetivos, aspecto considerado por Wallon como importante no processo evolutivo.
Os conflitos pelos quais Roberto Carlos Ramos sofreu durante o tempo vivido na instituição e a sua superação prova que se libertar de uma tensão contribui para o aumento da autoestima e a fomentar o empenho para ser próspero nos exercícios futuros. Foi exatamente o que aconteceu com Roberto Carlos Ramos. A oportunidade de transformação conferida Roberto Carlos Ramos, por Margherit Duvas, bem como a afabilidade preenchida foram fatores decisivos para o seu desenvolvimento, uma vez que ele começou a confiar em sua própria potencialidade e em sua aptidão de criar, e desse modo, formou-se educador, tornou-se um sujeito Contador de Histórias, retornando à Febem como estagiário, levando para aqueles indivíduos um pouco de expectativa e de ternura.
Atualmente Roberto Carlos Ramos mora com mais de 15 adolescentes adotados por ele e ainda trabalha com projetos associados a crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade.
Resultado de imagem para IMAGEM SOBRE O FILME O CONTADOR DE HISTÓRIAS
Uma história que deu certo e reescreveu o desfecho de sua vida.
Referência:

QUEM CONTA UM CONTO AUMENTA UM PONTO

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"Senta que lá vem história!" Podemos e devemos proporcionar o fascínio das boas histórias às crianças.


Ao lermos histórias, nós, adultos, decidimos suspender nossa descrença e libertar nosso imaginário, corpo e voz.. Sabemos que se trata de uma situação imaginária, inverossímil ou com pouca base no real, mas as assim mesmo mergulhamos na história e, nessa fronteira da realidade com a ficção consentida, tomamos partido e experimentamos uma infinitude de emoções. Transgredimos a realidade para compactuar com realidades inimagináveis.

As possibilidades são inúmeras e o repertório é vasto. Há histórias e histórias, e histórias que emocionam precisam ser bem escritas e bem contadas.
Aí entra Sherazade, que com os contos das 1001 Noites, personifica o poder das histórias. Para quem não se lembra: o rei Shahriyar, incornformado por ter sido traído pela esposa, passou a desposar uma virgem a cada noite, mandando matá-la na noite seguinte.
Uma noite
Uma noite, ao voltar para casa, o vizir do rei encarregado de encontrar virgens disse para uma de suas filhas que ele não havia encontrado mais virgens na cidade porque elas haviam morrido ou fugido para se livrar daquele infortúnio.

Sherazade, então pediu ao pai que a casasse com o rei, pois ela seria capaz de acalmar a sua fúria. Temendo que ela fosse morta, o pai tentou mas não conseguiu que ela desistisse daquela ideia.
Sherazade, então, pediu ao pai que a casasse com o rei, pois ela seria capaz de acalmar a sua fúria. Temendo que ela fosse morta, o pai foi peremptório: “você não vai arriscar sua vida! Todas as mulheres acham que podem mudar seus maridos, mas isso raramente acontece”.
Determinada, Sherazade apenas fez um pedido ao pai: que levasse sua irmã Dunyazad ao palácio, na noite do casamento. Depois da festa, na hora de se despedir, Dunyazad deveria insistir com Sherazade para lhe contar uma história. Tudo se passou como combinado, e, dada a insistência de Dunyazad, o rei autorizou Sherazade a contar uma história. E assim começou a contação de histórias que nunca terminavam e faziam o rei dormir – e a cada noite precisavam ser recomeçadas…. Até que o rei se arrependeu de seus propósitos.

Sherazade é considerada a santa padroeira das histórias, ela ilustra o poder das histórias para fascinar a mente e estimular a imaginação de crianças e adultos. 
Que tal contar histórias ao longo da trajetória profissional, pessoal e em voluntariado? 
E não apenas por 1001 noites.
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Mil e uma possibilidades
Referência:
https://veja.abril.com.br/blog/educacao-em-evidencia/sherazade-e-o-poder-das-historias/ - acessado em 29/o7/2019




quinta-feira, 27 de junho de 2019

LINGUA(GEM) EM AÇÃO


Participo do Projeto CIRANDAR que realiza formação de mediadores de leitura em áreas de vulnerabilidade social. Os locais que recebem os mediadores do Projeto Cirandar são: Ilha da Pintada, Chocolatão e a Fase.   Cirandar entende que "democratizar o acesso ao livro é democratizar o conhecimento e a educação. Por isso, a sociedade civil está mobilizada para fazer cumprir a Lei  12.244/10, que determina, até 2020, a criação de bibliotecas em todas as escolas do país, sejam elas públicas ou privadas. Esta é a centralidade. 
Para o Cirandar, a biblioteca é o coração da escola. Interessante...porque dizia e digo o mesmo aos meus alunos e em todas as escolas por onde passei, antes de conhecer e fazer parte do Cirandar. Pelo visto não são só os polos opostos que se atraem.
Fortalecer redes de cultura, incentivar a democratização do acesso à leitura, à educação e valorizar a diversidade são ações que constituem o cerne da instituição" ( Cirandar, maio, 2019).
Quando realizamos mediação de alguma leitura, percebo que a forma como nos comunicamos aproxima ou nos distancia das crianças ou adolescentes. A linguagem realiza uma espécie de mediação do indivíduo (entende - se por indivíduo em suas diferentes fases de desenvolvimento) com a sua cultura e ainda que uma criança tenha biologicamente o potencial para se desenvolver se não interagir não se desenvolverá como deveria. A língua(gem) é um parceiro entre a criança e o mundo, um parceiro de estrada que ajuda interagir com os outros e consigo mesmo e assim atingir o que lhe é de direito, não o melhor além do outro mas o melhor de si mesmo (Montessori), isto é o seu potencial.

Referência:
http://www.cirandar.org.br/ - acessado em 27/06/2019
http://omb.org.br/ - acessado em 27/06/2019


LÍNGUA X LINGUAGEM E SUAS IMBRICAÇÕES

A aquisição da linguagem é uma etapa de extrema importância no desenvolvimento infantil. A importância da linguagem está justamente no fato de que ela torna o processo educativo mais eficaz, pois proporciona ao aluno situações e momentos mais envolventes e dinâmicos.


Através dessas situações dinâmicas os alunos podem então não só desenvolver como também explorar os seus próprios instrumentos comunicativos e sociais. A linguagem e o pensamento estão interligados e são primordiais para a compreensão do mundo. Para o professor que media o processo das aprendizagens é primordial o entendimento sobre o que é linguagem e língua, portanto veremos estes conceitos e suas imbricações.

A linguagem é interação, visto que proporciona ao indivíduo a possibilidade de exercer atividade sobre o outro, sobre si mesmo e sobre o mundo. Tem caráter universal e de caráter essencialmente humano, do qual o homem comunica suas ideias e sentimentos, seja através da fala, da escrita ou de outros signos convencionais. A linguagem é a capacidade que os seres humanos têm para produzir , desenvolver e compreender a língua e outras manifestações, como a pintura, a música e a dança. 

Já a língua é um conjunto organizado de elementos (sons e gestos) que possibilitam a comunicação. Ela surge em sociedade, e todos os grupos humanos desenvolvem sistemas com este fim. Linguística é o nome da ciência que se dedica ao estudo da linguagem

Língua é um tipo de linguagem  baseada em palavras. É a parte social da linguagem, estabelecida entre os membros de uma comunidade e pode ser chamada de idioma. A língua pode se manifestar de forma oral ou gestual, como a Língua Brasileira de Sinais (Libras).

Assim sendo, é fundamental para o desenvolvimento da linguagem que o professor crie situações e promova atividades nas quais essa habilidade possa ser incentivada por meio da participação das crianças. Assim sendo, o ideal é que as atividades sejam organizadas de maneira que o aluno possa transitar entre as situações informais e coloquiais que já conheciam antes de entrar na escola para situações mais estruturadas e formais, explorando o modo como funcionam e aprendendo a utilizar isso tudo da maneira correta. 
Quando estou em sala de aula, insiro no planejamento atividades diversificadas como a música, teatro, rodas de conversas com temas formais e informais, utilizo os jornais locais e televisivo para promover a oralidade e manifestação das ideias. Também uso a Língua Brasileira de sinais com os alunos e eles apreciam este recurso.
 Através dessas informações podemos entender então a importância da linguagem na escolarização das crianças e como ela influencia o desenvolvimento pessoal e social dos indivíduos sendo um fator determinante no crescimento de cada um deles.
Referência:
MURRIE, Zuleika de Felice. Universos da palavra: da alfabetização à literatura. São Paulo, Iglu, 1995, p. 13-24.


terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Concepções teóricas


 Teorias da  construção do conhecimento e da linguagem


Quem exerce uma prática ou intervenção pedagógica com bases teóricas , seguramente , realizará uma mediação mais eficaz no seu educando, e especialmente em situações de dificuldades de aprendizagem relacionadas com a linguagem.
Não é mera coincidência que a palavra teoria, de origem grega, quer dizer aquilo que vem do olhar, ou seja, aquilo que vem, pois, da observação, princípio básico, como sabemos, da ciência. Vygotsky e Piaget serviram-se de alguns passos geridos pela ciência para seus pressupostos científicos e formulação de suas teorias. 
Lev Semenovich Vygotsky (1896-1934) e Jean Piaget (1896-1980) foram dois grandes teóricos que refletiram e construíram teorias em torno da aquisição do conhecimento e da linguagem. 
Vamos conhecer um poucos destes estudiosos: Jean Piaget formou-se como Psicólogo, Filósofo, Educador, Biólogo, em sua teoria ele nos diz que o desenvolvimento dá-se pela evolução genética e contato com o meio. Lev Vygotsky nasceu em Orsha na Bielorrússia formou-se em Direito, Literatura e partiu para a Pscicologia, na sua  teoria, assim como na anterior, evolução do conhecimento dá-se através de um processo sócio-histórico através da interação do sujeito com o meio.
Quanto a construção da linguagem, Piaget nos diz que este processo se inicia no 2º estágio do desenvolvimento chamado de Pré-operatório, para ele o desenvolvimento cognitivo vem antes. 
Vigotski, defende que a linguagem e o cognitivo desenvolvem-se juntos e com a aquisição da linguagem o desenvolvimento cognitivo também avança com mais facilidade.
No que diz respeito a aquisição do conhecimento, para  Vygotski, este processo ocorre na interação com o meio e de fora para dentro, mas neste processo o sujeito é ativo na internalização de novas aprendizagens. Piaget nos diz que os seres humanos possuem esquemas inatos e na interação com o meio constroem novos esquemas.
As duas teorias descrevem a criança como um ser ativo interacionista, habilitado para constantemente gerar novas hipóteses na horizontalidade do saber, das trocas na aprendizagem.
Observa -se algumas semelhanças entre as teorias de Vygotsky e Piaget:
- ensino de acordo com o nível da criança,
- interessam-se pela gênese dos processos psicológicos,
- imaginação surge da imaginação,
- discurso egocêntrico é o ponto de partida do discurso interior,
- opõem-se as teorias empiristas,
- empregam métodos qualitativos,
- defendem que a imaginação surge da ação,
- são interacionistas e construtivistas.



Torna-se mais acessível a compreensão de alguns processos em sala de aula, quando reflito sobre estas teorias, pois estas servem de base e amparo à visibilidade pedagógica adotada na escolha do planejamento das atividades. Levar em conta os aspectos abordados nas teorias de Piaget e Vygotsky, nos leva a olhar para o aluno como um ser social, que apreende e aprende ao longo da vida com as suas vivências, na relação e interação com o outro, e que constrói significados à medida que vai tendo experiências e contatos com a cultura em que se insere. Dentro deste processo, o papel do professor é ser mediador entre o aluno (ser social) e o mundo levando-o a atingir o que lhe é de direito, outras aprendizagens.

Referências
BOCK, Ana Mercês Bahia; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Maria de Lourdes Trassi. Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. São Paulo: Saraiva, 2002.

MONTOYA, Adrián Oscar Dongo. Pensamento e linguagem: percurso piagetiano de investigaçãoPsicol. estud., Abr 2006, vol.11, no.1.

OLIVEIRA, Zilma de Moraes Ramos; DAVIS, Claudia. Psicologia da Educação. São Paulo: Cortez, 1994.

REGO, Teresa Cristina. Vygotsky: uma perspectiva histórico-cultural da educação. 10 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995.


sexta-feira, 23 de novembro de 2018

O despertar

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"Se olharmos para fora, sonharemos...mas se voltarmos o olhar para dentro de nós acordaremos." Carl Gustav Jung


Como profissional da área da educação, norteei a objetividade do trabalho desenvolvido nas áreas afins do conhecimento, segundo o currículo do ambiente escolar que estava inserida. Concomitante, empreguei esforços à assertividade e pluralidade do pensamento reflexivo junto aos alunos que inicialmente encontravam dificuldade de explicitar uma linha de raciocínio lógico e argumentativo sobre assuntos diversos e curriculares. Ao longo das aulas, íamos construindo uma convivência escolar, um conhecendo o outro, e crescendo no empoderamento das ideias compartilhadas em grupo.

Este dinamismo alicerçou e alavancou meu trabalho e imprimiu contornos ao meu perfil profissional.  Esta reflexão sobre a diretriz de meu trabalho, segue as pegadas do célebre educador brasileiro, Paulo Freire ( 1921- 1997) que ressaltava como objetivo da escola, ensinar o aluno a "ler o mundo" para transformá-lo. 
E como ser agente transformador sem reformar e reestruturar as próprias ideias e consciências?
Como olhar o mundo ( universo fora de nós mesmos) e suas ideias preconcebidas com criticidade, sem voltarmos o olhar para dentro de nós mesmos, com o intuito de despertar nossas próprias consciências? 
Reformar ou reformular o externo exige a honestidade da exigência de novos parâmetros  antológicos para acordar ou despertar novos posicionamentos reflexivos e assertivos.
A elaboração destas atitudes profissionais levou - me a maior de todas as reformas, a pessoal.
Olhar meu universo pessoal e desbravá - lo com uma profunda honestidade guiada por uma lupa à consciência e mazelas enraizadas a minha historia pessoal, é fruto também de tudo que desenvolvi em sala de aula.
 É fruto da leitura de mundo pessoal  e também do olhar para dentro de mim mesma , para sair do sonho de que tudo que julgava  "estar bem", para acolher minha realidade pessoal e transformá - la em vida, tal e qual ela é. Dar novos contornos e reeditá -la, assim como, meu perfil profissional. 
Ao escrever esta reflexão, lembrei do olhar dos meus alunos e de todos os feedbcks recebidos em sala de aula quando diziam ter "aprendido" comigo muito mais do que nos últimos anos em sala de aula...desconhecendo que o relato desta epifania (súbita sensação de entendimento, compreensão da essência de algo) está diretamente relacionada a  todos os momentos de convivência, longas conversas e risadas.
Eles julgaram ter recebido muito de mim, mas a maior beneficiada fui eu.

  Aqueles que passam por nós não vão sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós.... Frase de Antoine de Saint-Exupery.