segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Ousadia para mudar

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No mês de julho, a PUC sediou o 14° Congresso da rede privada de Ensino, com a temática inspiradora "Ousadia para mudar".
O assunto abordado pelos palestrantes, levou-nos a uma profunda e honesta reflexão não somente às nossas práticas e abordagens de ensino. Mudanças, desafios e ousadia  não se resumem a um tempo linear limitado. Os mais de 2 mil professores presentes, foram constantemente motivados a uma céfala postura que por conseguinte contagiariam também os alunos e demais funcionários das escolas. Os participantes foram encorajados a encarar mudanças ao longo de suas vidas.
O ou os movimentos de mudança são cíclicos, e como uma onda vão atingindo e desinstalando tudo e a todos que estão ao seu redor. Como uma onda do mar que avança, assim procedem as mudanças, deixando marcas, irrigando os processos que desinstalam e desacomodam tudo em seu entorno.
"Não se trata apenas de modernizar as operações, mas a mudança afeta a vida por inteiro, a percepção é que nada mais prossegue incólume como anteriormente. Somos constantemente desafiados a assimilarmos o novo..." (Osvino Toiller, mestre em educação e vice- presidente do Sinepe ).
Mudanças exigem a radicalidade da interrupção de determinados padrões de comportamento que são alimentados por pensamentos e frases como: "sempre foi feito assim", não vale a pena, eles não aprendem, não gostam..." devem ser paralisados pois congelam a evolução gradual da mudança. Esta escrita reflexiva lembrou-me de um livro que li a alguns anos atrás intitulado "Quem me roubou de mim".
O autor,"Padre Fábio de Melo aborda uma violência sutil que aflige muitas pessoas o sequestro da subjetividade. Essa expressão refere-se a privação que sofremos de nós mesmos quando estabelecemos com alguém, nas palavras do próprio autor, um vínculo que mina nossa capacidade de ser quem somos, de pensar por nós mesmos, de exercer nossa autonomia, de tomar decisões e exercer nossa liberdade de escolha." Muitas vezes sofri esta tentativa de sequestro quando propunha atividades e até mesmo em meu manejo e estratégias selecionadas com as turmas que trabalhava. Custei a perceber que a forma como desenvolvo meu trabalho, convívio com os alunos indiretamente atingia e até mesmo incomodava alguns colegas, pois trabalho com princípios tais como o de "liberdade com responsabilidade" ( princípios montessorianos).
Proponho e permito à meus alunos se ausentarem da sala de aula sem precisar me pedir. Eles poderão ir ao banheiro, tomar água e se estiverem agitados saírem da sala por breves períodos e após retornarem. Inicialmente alguns saem e retornam sempre me olhando um pouco desconfiados. Após o período de adaptação e acomodação das regras, momentos de debate e discussões sobre comportamento de alunos e professores, inicia o período de calmaria e só saem aqueles que realmente precisam ( fisiologicamente ou porque estão agitados).
Quando percebo que a totalidade de meus alunos permanecem em aula por LIVRE ESCOLHA, motivo-me ainda mais para buscar novas estratégias que os surpreendam e os mantenham interessados em aprender sobre os conteúdos estabelecidos pelo setor pedagógico da escola e também pelos assuntos que eles trazem. 
Mas nosso cotidiano em sala de aula não é um filme com roteiro pré- programado com todo o andamento transcorrendo conforme o diretor ( neste caso o professor) havia idealizado. As vezes um aluno ( e geralmente acontece) perde a liberdade ( costumo dizer que a confisco) e após um curto período de ajustes, estímulos e conversas digo que estou pronta a restituir-lhe a liberdade se ele estiver pronto à usá-la com responsabilidade. Sempre obtive resultados positivos com os alunos envolvidos nesta situação. Mais que restituir-lhe a liberdade e autonomia, digo que voltei a confiar nas escolhas que ele fará. 
Me encanta deixá-los fazer escolhas e dar-lhes o gerenciamento à autonomia sempre que possível. 
Pode ser utópico mas, quando os vejo assim, lembro-me de uma música que aprecio muito que é Nella Fantasia.que em sua letra diz "o sonho das almas que são sempre livres..." Tem um vídeo que assisto com meus alunos em que um menino coreano canta esta música, e após fazemos uma roda de conversas cruzadas sobre o que assistimos. Este momento é muito enriquecedor e fazemos muitas reflexões sobre escolhas, liberdades e autonomia.
Por isso sigo e persisto, muitas vezes na contramão, tendo muito a aprender, errando mas colhendo resultados frutos destas escolhas.


Referências:
Link: http://www.jornalnh.com.br/_conteudo/2017/07/noticias/opiniao/2148571-ousadia-para-mudar--1.html
Link: https://www.youtube.com/watch?v=8eOyTj9jkXU ( Menino coreano canta Nella Fantasia em show de talentos) 








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