Percebe-se a importância do convívio familiar no processo de desenvolvimento do individuo através do filme O Contador de Histórias. É por meio desse ambiente que o individuo vai sendo dirigido em sua concepção sobre conceitos e valores. Para Vygotsky as primeiras afinidades com a linguagem na interação com os outros acontece dentro do seio familiar. Claro, é através de uma influência mútua social que vamos sendo instruídos e nos desenvolvemos até nos tornarmos sujeitos. A cultura, a sociedade, as práticas e as interações, enfim, o meio é fator de máxima importância no nosso desenvolvimento, enquanto humano.
Entretanto, o filme O Contador de Histórias, de Luiz Villaça, retrata uma Febem desfavorável à maneira positiva ao seu desenvolvimento! Ora, de maneira alguma seria correto considerar um adolescente de apenas 13 anos de idade irrecuperável, uma vez que o menino Roberto foi meramente um reprodutor do contexto em que estava inserido, e de acordo com Vygotsky o desenvolvimento e a aprendizagem são fatores decorrentes da interação do indivíduo com o meio onde ele influência e é influenciado, e sendo assim, se o ambiente sofre qualquer alteração, consequentemente, o desenvolvimento do indivíduo também será alterado. Assim, as experiências que a pedagoga francesa Margherit Duvas propiciou a Roberto Carlos Ramos favoreceram na mudança de seu comportamento, no desenvolvimento psicossocial e na aprendizagem.
Sabe-se que o que arquitetamos na infância na tangente da personalidade não é inteiramente estável, isto implica que, à medida que o tempo passa e o indivíduo adquire novos conhecimentos, aqueles anteriores podem ir sofrendo mudanças parcialmente. Por isso que jamais seria apropriado garantir que Roberto Carlos Ramos fosse um caso perdido, haja vista que a personalidade é dinâmica e a aprendizagem é um processo de construção. É possível ainda, constatar que na instituição em que ele se encontrava não havia laços afetivos, aspecto considerado por Wallon como importante no processo evolutivo.
Os conflitos pelos quais Roberto Carlos Ramos sofreu durante o tempo vivido na instituição e a sua superação prova que se libertar de uma tensão contribui para o aumento da autoestima e a fomentar o empenho para ser próspero nos exercícios futuros. Foi exatamente o que aconteceu com Roberto Carlos Ramos. A oportunidade de transformação conferida Roberto Carlos Ramos, por Margherit Duvas, bem como a afabilidade preenchida foram fatores decisivos para o seu desenvolvimento, uma vez que ele começou a confiar em sua própria potencialidade e em sua aptidão de criar, e desse modo, formou-se educador, tornou-se um sujeito Contador de Histórias, retornando à Febem como estagiário, levando para aqueles indivíduos um pouco de expectativa e de ternura.
Atualmente Roberto Carlos Ramos mora com mais de 15 adolescentes adotados por ele e ainda trabalha com projetos associados a crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade.
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Uma história que deu certo e reescreveu o desfecho de sua vida. |
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